quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A dor do parto e seus símbolos!

 
Sempre quando surge o assunto parto normal em uma roda de conversa alguém me pergunta:- Como é a dor do parto? E eu sempre respondo como um sorriso no rosto, a dor é doída, mas é boa!
E sempre fica um olhar surpreso e aquela interrogação na cabeça: "É doida a menina?".
A dor do parto aumenta em intensidade conforme o trabalho de parto vai evoluíndo! As contrações, começam de mansinho, com uma distância boa entre elas, e vão se aproximando, ficando mais intensas e dolorosas.
As contrações são dolorosas porque elas representam o útero contraíndo e relaxando, o que ajuda a abrir o colo do útero e a empurrar o bebê para então acontecer o nascimento. Simples, porém profundo e complexo. todo esse processo é único em cada mulher, cada um experimenta uma vivência diferente, um incômodo diferente, assim como um prazer e alegria distintos. As sensações também são diferentes em cada estágio do trabalho de parto. No início  frequentemente as mulheres relatam dor como cólica menstrual que vai evoluíndo em intensidade.
Eu comecei  a ter contrações uns 3 dias antes do nascimento, era uma cólicazinha que eu ignorava a sua existência, coloquei em minha cabeça de que quando fosse parto eu não sentiria dúvida, e continuei minha vida normal. Em alguns momentos eu parava pra respirar quando vinha alguma mais forte, mas sem olhar para o relógio, sem me preocupar, afinal de contas era meu útero trabalhando.
No dia em que o Nico nasceu, ás 8:00 da manhã eu estava a caminho do Despertar do Parto, para aula de yoga com a queridissima doula Eleonora, quando  no caminho um cólicazinha chata, e um pouco de náuse, claro que eu continuei choramingando no maior mau humor que esse bebê não nasceria antes de 42 semanas. Fiz yoga, almocei, saí pra fazer compras no supermercado, tive uma contração no supermercado que me fez fingir que caiu algo no chão só pra eu poder me abaixar, e nesse momento eu estava no telefone falando pra minha irmã vir pra minha casa tranquilamente, pois ele iria demorar pra nascer. Nem preciso dizer o quão sossegada eu estava com essa questão de parto.
Cheguei em casa, guardei as compras, e no chuveiro veio uma contração que eu não podia negar, era parto. Mas fui colocar roupas no varal, liguei para o marido, doula, parteira dizendo que estava no começo e que eu iria sair mais tarde para tirar fotos, então vida normal para todos. Cinco minutos se passaram mais uma contração, e todos os planos foram por água abaixo, ligo para todos dizendo que o bicho tava pegando e que eu queria todos comigo, rs!
Marido chegou 30 minutos após o telefonema e me encontrou apoiada na cama em cima de uma montanha de travesseiros, já urrando nas contrações. Quando ele chegou o trabalho de parto estava gostoso, eu sentia meu corpo funcionar, entre uma contração e outra eu contava piada, dizia  o quanto eu estava feliz pelo momento mais esperado da minha vida, refletia sobre o que estava acontecendo e o que estava por vir. Chorei de alegria, meu filho estava chegando, em breve o teria nos braços, em breve eu não estaria mais grávida. Léo chegou um tempo depois e ainda me viu "acordada" durante o trabalho de parto. Essa fase do TP é maravilhosa, dá pra refletir, sentir as contrações que já são fortes, mas não tão intensas. Aos poucos fui aprofundando, mergulhando em uma contração e outra, meu corpo reagindo bravamente, e elas foram ficando intensas, intensas, intensas, fortes, selvagens.
Perdi toda noção do tempo, e me lembro de perguntar pra Léo o motivo de doer tanto se eu ainda estava no começo, ingenuidade a minha, estava com 8cm de dilatação, estava praticamente no olho do furacão, e ele me olhava e eu precisava encara-lo.
Nesse momento minhas respostas começaram a ficar lentas, já não era capaz de responder sim ou não, e não queria responder, eu queria ficar em paz, queria mergulhar dentro de mim.

Esse processo é descrito na fisiologia, durante o TP são liberados três hormônios, que são a ocitocina (contrações), endorfina (anestésico natural) e adrenalina (liberada em situações de medo, fuga). Se houver um bom balanço hormonal a ocitocina e endorfinas estarão em alta, e a adrenalina estará em menores doses. Para isso a mulher precisa se sentir segura, confiante, com privacidade, apoio físico e emocional, para não ocorrer prejuízos na produção da ocitocina, portanto o ambiente deve estar de acordo com as necessidades da mulher, ele deve ser confortável, quente, de preferencia com baixa luminosidade e sem pessoas falando do futebol, da novela e afins. Sendo assim a mulher relaxa mais e desliga o neocórtex que é a parte racional do cérebro, passando a ser mais instintiva. Fato esse desconhecido ou ignorado por muitos profissionais da saúde.

Nesse momento eu me senti como um barquinho que quando tentava velejar (intervalo) vinha uma onda forte e o derrubava (contração) e isso começou a ser muito cansativo e doloroso. Então me lembrei, eu deveria ser o mar, pois as ondas não podem derrubar o mar. E passei a aceitá-las, permiti que elas percorressem todo o meu corpo, eram elas que iriam trazer meu filho pra mim, minha função ali era passar por cada uma delas, e permitir que elas passassem por mim. Foi um grande mergulho interno, foi a única vez na minha vida que eu realmente consegui entrar em mim, e conhecer a fera que vive ali dentro, e a sensibilidade feminina que também vive ali. De olhos virados, nua, gemente, uma cena que a maioria das pessoas não estão prontas para ver, pois nossa sociedade não consegue compreender que o parto não é sofrimento, e que o grito de uma mulher parindo é um grito da alma, é um grito de libertação, eu me encontrei, na forma mais bruta, não lapidada, eu vi o quanto eu sou forte, o quanto meu corpo é forte e meu filho também, ali eu vi a mãe que estava pra nascer.
O parto simbólicamente é um ensaio da maternidade, ele precisa ser selvagem, intenso, pois ele é um rito de passagem, nenhuma transformação é isenta de dor e de sacrifícios, mas ela não precisa ser sofrida. Eu pari com dor, mas pari sem sofrimento.
Quando digo que o parto é o ensaio da maternidade é um simbolismo de toda uma vida. As contrações não pedem licença, elas não pedem sua autorização para aumentar a intensidade, elas não querem saber se você está preparada e elas não dão trégua  (apesar de eu ter pedido várias vezes 10 minutos de descanso, claro que não fui atendida), não tem como voltar atrás, só há uma única saída, encarar, se permitir, deixar as contrações percorrerem teu corpo, pois quanto mais lutar contra elas, mais elas lutarão contra você. Essa é a posição de que? Da filha, oras, nós filhas pedimos 10 minutos de descanso, nós desistimos quando algo está intenso demais, damos meia volta quando vemos uma montanha muito grande, desistimos, choramos, somos imaturas. A mãe não, a maternidade é selvagem, ela não pede permissão, uma febre de madrugada não pede autorização, os problemas com os filhos dos mais diversos não tem como contornar, ela segue seu curso, e ou você encara ou a maternidade passa por você, ou claro, você delega ela a terceiros. 
Viver a dor do parto pode ser a experiência mais fantástica da sua vida, se você se permetir, e se permitirem que você possa ter essa experiência, não precisa ser sofrimento.
E depois vem o presente, o bebê, no expulsivo a gente encontra um bônus de força, a mulher acorda e vira uma fera, pra colocar o bebê pra fora, e daí vem o momento sublime, o sorriso cansado mais lindo, eu adoro ver o sorriso cansado de mulheres que pegam seus filhos pela primeira vez nos braços, ainda conectados ao cordão, suadas, desabeladas, ofegantes, chorando e sorrindo. Isso faz tudo valer a pena, e depois fica um gostinho de que é forte, e que você tem força pra encarar o que vier pela frente!.


Quer uma dica?
Procure ajuda na gravidez, se informe, prepare seu corpo e sua alma, livre-se do medo, procure uma doula, e acima de tudo seja feliz, não entregue a experiência mais sublime da sua vida na mão de terceiros, não delegue seus sonhos!!!!

 Quando eu digo dos símbolos do parto, é o que ele signifca pra mim. Eu sinceramente, não acho que a mulher que não tenha passado por todo esse processo não vá viver a maternidade com a alma, eu só disse dos símbolos que uma contração trás na nossa vida, é um preparo, não o fim.

Abraços



Thaiane


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista sobre Sling

Oi Pessoal, adorei dar entrevista pra Camila, no programa Mamães e Negócios! Aproveito pra postar aqui a matéria que fala sobre o uso do sling, seus benefícios e ainda ensina como fazer a amarração tradicional do sling!! Em breve teremos mais!!




Grande abraço, e espero que gostem!!!
Detalhe no Nico aprontando todas, como sempre. Lindo da mãe!!!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

I Fraldada e Slingada de Ribeirão Preto


Nossa gente, depois de muito tempo querendo fazer, mas sempre acontecia alguma coisa, agora decididamente acontecerá no dia 08/09/2012 às 09:00 no parque Carlos Raya a I Fraldada e Slingada de Ribeirão Preto. 

O que vai ter lá?
Será um encontro de mães, pais, familiares, e pessoas que simpatizam com o assunto, no estilo piquenique. Isso mesmo, é um encontro pra gente discutir sobre as fraldas reutilizáveis, como elas são, como funcionam, como lavar, marcas, modelos, onde encontrar, benefícios, meio ambiente e economia! E também sobre os slings, abordaremos os benefícios, como usar, onde encontrar, modelos, segurança, etc.
Venha participar desse encontro, na manhã de sábado, ao redor de muitos bebês e trocar idéias, experiências e fazer amizades. Não esqueça de trazer um petisco e uma canga pra sentar no chão!!!
Espero a presença de todos!!
Um grande beijo e até lá!!! Segue o link do evento!

http://www.facebook.com/events/302376983203686/
Thaiane